Como todo cinéfilo, estou sempre procurando enredos de filmes que agucem minha curiosidade e ao mesmo tempo tenham “moral de história”. Pensando nesta ideia, me interessei em assistir alguns filmes sobre política, até para aprender mais sobre o assunto e em quais ambientes/situações podemos ver a política e sua dinâmica. Abaixo, indico alguns filmes que valem a pena serem assistidos e estão disponíveis no Youtube.
Este texto é um artigo de opinião que foi escrito por uma redatora voluntária do Politize!, a Marli Mendes.
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Entre os filmes brasileiros, foram resumidos dois: o filme “Privatizações”, de Sílvio Tendler e o filme “Getúlio”, de João Jardim.
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Getúlio (João Jardim) – 2014
O filme relata as intrigas da Presidência da República e as entranhas do poder nos últimos 19 dias de vida de Getúlio, mostrando as conspirações e tramas nos bastidores para que o presidente seja deposto ou renuncie. Getúlio foi um ditador confesso, admite no filme ter rasgado duas Constituições enquanto esteve no comando, com o objetivo de se manter no poder. Mas, apesar de ter sido um ditador, voltou à presidência novamente por voto democrático.
O filme mostra muito do que vivemos hoje na política brasileira, expondo que o hábito das negociatas, lobby, conchavos, chantagem, alianças ilícitas vêm de muitos anos e não acontecem somente na atualidade.
Getúlio é um filme que deve ser visto, seja para conhecer um pouco melhor a história da política do Brasil ou para conferir o homem por trás do presidente interpretado por Tony Ramos.
Filmes internacionais sobre política
Fugindo um pouco da filmografia brasileira, separamos dicas de 4 filmes internacionais que mostram como a política pode estar inserida nos mais diversos níveis e ambientes. A Onda (alemão), O capital (francês), Tudo pelo poder (estadunidense) e por último, O Quinto Poder, também feito nos Estados Unidos.
A Onda “Die Welle” (Dennis Gansel) – 2011
Este filme, inspirado no livro de mesmo nome (A Onda), expõe uma história baseada em fatos reais ocorrida na Alemanha. A trama se inicia quando o Professor Rainer Wenger, simpatizante do anarquismo, é direcionado a assumir as aulas sobre autocracia – ideologia que significa poder ilimitado e absoluto – para alunos do ensino médio. A história se desenrola a partir de uma pergunta: É possível instituir um regime totalitário na Alemanha?
Percebendo o descrédito dos alunos, usou de sua criatividade e didática para envolvê-los em um exercício de autocracia, para que entendessem como esta ideologia se forma, pelo período de uma semana.
Neste exercício pedagógico, mostrou na prática como se dá a manipulação ideológica de um conjunto de jovens que seguem uma liderança forte, no caso, o professor. Durante este exercício criou-se um movimento unificador com participação entusiástica dos alunos, com símbolos, uniforme, saudações e preconceitos em relação aos alunos que não aderiram ao movimento.
A força da iniciativa cresce rapidamente e se espalha pela cidade, com o grupo de alunos agindo como uma gangue, fazendo prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais, tornando-se um modelo do fascismo, ou seja, submetendo outros alunos a um forte controle ditatorial.
Fica bem claro que, por se tratar de um público de adolescentes, o grupo torna-se mais influenciável pela figura do professor como líder e formador de opinião. Merecem destaque também aspectos psicológicos, pois alunos que possuíam menos atenção familiar acabaram por ter a figura do professor e as teorias pregadas em sala de aula como verdades absolutas e que deveriam ser seguidas.
O filme mostra como a massa pode ser manipulada e como uma ideologia mal-orientada e extremista pode causar estragos, principalmente numa juventude que ainda está em formação, com problemas de identidade e em processo de formação de personalidade.
O Capital (Costa Gravas) – 2012
O filme é iniciado com a frase: “O dinheiro é um cão que não pede carinho. Lance a bola o mais longe possível e ele o traz indefinidamente.”
Marc Tourneuil (Gad Elmaleh), o protagonista, é um escritor e homem de confiança do então presidente do banco Phoenix, que morre em função de um câncer de próstata. Após seu falecimento, Marc é promovido pelo conselho à Presidência do banco temporariamente, mas age nos bastidores para se manter no controle da instituição. No decorrer do filme, vemos a sua rápida ascensão e, em contrapartida, seu declínio moral movido pela ganância e suas escolhas para se manter no poder.
Sua ambição se encaixa nos moldes das teorias de Maquiavel pelo poder e dinheiro, é uma tentativa de obter respeito dos seus pares, devido à sua crença de que quanto menor o salário, menor o respeito. Esta característica do personagem demonstra a importância do dinheiro na sociedade de consumo. Realizam demissões em massa com o intuito de aumentar os lucros do banco, colocando em risco as políticas sociais adotadas pela instituição, caracterizando a completa inversão de valores nas ações, ou seja, desrespeito à ética e às políticas internas do banco.
Durante todo o filme percebe-se muita manipulação, a forte presença do lobby, deslealdade, conflitos de interesses, espionagem, divulgação de informações privilegiadas, traições, ou seja, o submundo dos negócios e da política.
Tudo pelo Poder (George Clooney) – 2011
Durante esta briga para definir quem sairá candidato, o staff dos candidatos trava um intenso jogo de poder, no qual a sujeira é exposta nos noticiários. O candidato Morris é um homem de excelente discurso e uma aparente postura incorruptível, que se recusa a fazer alianças com senadores e delegados de moral duvidosa, em troca de influência política. Postura esta que contrasta com o que se vê no desenrolar do filme, que expõe as verdades do jogo político.
O temor, a traição e a tentativa de encobrir qualquer ato falho do passado fazem de Morris um refém de seu assessor de imprensa que se torna o verdadeiro protagonista do filme. Traição entre assessores, jogo de ego, status social, favores cedidos, corrupção, tráfico de influência, chantagem e falsidade ideológica; tudo isso expõe as sujeiras dos bastidores das campanhas políticas.
O Quinto Poder (Bill Condon) – 2013
Retrata a forma como as informações e notícias fluem no século 21, permitindo ao cidadão ter o direito à informação. Os hackers Julian Assange e seu colega Daniel invadem sites dos governos do mundo todo e expõem informações sigilosas de forma escancarada nas redes.
Gradativamente, o longa mostra como as informações disponibilizadas no site Wikileaks repercutiram no mundo. Vazamentos de informações privilegiadas que envolveram conflitos de guerra do Afeganistão, Iraque, correspondências das embaixadas e dos Estados Unidos, são mostrados no filme.
Com o crescimento do site, grandes jornais americanos começaram a ouvir o Wikileaks e passaram a dar visibilidade a mais vazamentos de informações privilegiadas.
Embora a intenção de Assange, em sua visão, era a de informar o cidadão de forma mais completa possível, a forma como expunha no site colocava em risco a vida e a integridade física de algumas pessoas.
As informações publicadas no Wikileaks conseguiram expor ao mundo os bastidores de muitos países, conversas sigilosas, questões diplomáticas que causaram crises e mudanças em resultados de eleições. O filme nos instiga à reflexão sobre qual a melhor forma de compartilhar informações com o público, a partir do momento em que se está em posse delas, a fim de evitar tantos danos colaterais.
Assistindo a essa sequência sugerida, notei que a política e sua dinâmica, tanto no ambiente público (empresas públicas, partidos políticos), quanto no ambiente privado (empresas/escolas) são parecidas.
Pude aprender de forma leve e didática sobre autocracia, com o filme “A Onda”, conhecer fatos ocorridos no Governo de Getúlio Vargas, que faz parte de nossa história. Relembrar fatos históricos dos anos 90 sobre as privatizações e refletir sobre seus benefícios ou prejuízos para a sociedade e a economia do país. Entender a dimensão do impacto que as ações do Julian Assange causaram no mundo, no filme Wikileaks.